18.2.11

Museu

Seu medo era de fechar os olhos. O escuro, tal como o pano das cortinas de um teatro se abria para as visões que ele queria a todo custo evitar. Eram fragmentos bons de seu passado. Imagens que lhe angustiavam o presente de tal modo, que ele sentia que a permanência do pensamento em tais cenas as transformaria em um gatilho para a melancolia. Portanto as evitava.
Mas o que fazer com esse buraco que agora restara sem precedentes ? Pensava. Passeando pela sua nova rotina percebia quão efêmeras eram suas relações e se espantava como eram rasas as pessoas ao seu redor.
É culpa do vazio,
O vazio me faz procurar pessoas que eu não quero encontrar,
As conhecer e a me decepcionar,
Ser obrigado a retomar as cenas,
E as cenas, elas...
São perigosas.
O problema não era solidão, o problema é que ele vivia de certezas, desmotivado por suas certezas. Esta crença que tinha em sua capacidade de prever os fatos lhe permitia sofrer com antecedência.
Afinal,
Cessa nunca o sofrer.

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